Agradeço que digam ao Peneda, ao Saraiva e ao Carlos Silva que a AutoEuropa já produziu este ano um “volume histórico” de “139.667 unidades devido ao sucesso do lançamento do T-Roc, que já ultrapassou as 100 mil unidades, e à boa aceitação que o mercado continua a ter em relação aos outros veículos, incluindo o Volkswagen Sharan e o SEAT Alhambra, produzidos na fábrica de Palmela.”
Digam-lhes, também, que não sou eu que digo tal. Nem eu, nem a Comissão de Trabalhadores. Tão-pouco alguma das “esquerdas encostadas”. Para aqui usar uma expressão tão cara à sua confreira Cristas. Digam aos ilustres cavalheiros que quem o diz é uma fonte oficial da empresa.
A mesma fonte, segundo a Lusa, confirmou “o novo máximo histórico de produção em 26 anos de laboração da fábrica, que eu não vi plasmado em nenhuma primeira página dos jornais diários, foi alcançado numa altura em que já está implementado o novo horário de laboração contínua, com um quarto turno de trabalho.” Ou seja, aquele que garante aos trabalhadores duas folgas consecutivas todas as semanas, ao invés daquele que “vigorou de Janeiro a Julho deste ano, em que havia apenas uma folga fixa ao domingo e outra rotativa.” Para aqui chegar foi necessário fazer greve a 30 de Agosto de 2017. Uma greve histórica, pois foi a primeira por razões laborais.
Tal greve levou os citados cavalheiros a saltar para a arena em defesa do patrão e a diabolizar os trabalhadores. Com especial destaque para o erudito ex-ministro de Cavaco, que em carta-aberta que então fez circular, atacou tudo e todos. Deixo aqui um pequeno exemplo:
“É preciso que se denuncie de forma clara que a estratégia dos comunistas para a Autoeuropa é que esta feche as portas e se desloque para outras paragens. Aí o PCP cantará vitória e como sempre serão vitórias “conquistadas” à custa de milhares de trabalhadores que ficarão no desemprego e a Península de Setúbal voltará a viver os tempos de fome da década de 80, mas aí o PCP e a CGTP estarão no seu terreno favorito a desfraldar as bandeiras negras, nunca assumindo culpas, mas remetendo-as para os vícios do capitalismo.”